sexta-feira, 22 de janeiro de 2010

Confissões de um mediador do livro e da leitura

Estava tudo bem preparado para a intervenção do projecto em Melgaço. Mas, por alguma razão que desconheço, o agrupamento de escolas não aderiu à proposta do projecto "Tásse a ler". Assim, apareceram os alunos da escola profissional, gente variada, mais crescida e mais vivida: jovens com "espanto de viver"(como dizia José Gomes Ferreira). Duas turmas bem distintas. Uma com uma composição maioritariamente africana outra com uma maioria de mulheres (jovens). Como calculam, a escolha dos livros mudou radicalmente quando confrontada com estes jovens adultos (na sua maioria). Igualmente cresceu o grau de exigência no discurso e na escolha dos livros para estes leitores. Mas foi uma lufada de ar que entrou pela biblioteca, com vontade de requisitar livros e de se tornarem leitores habituais. Uns de origem São Tomense, outros crioulos de Cabo Verde, outros ainda de terras afastadas no Alto Minho e duas simpáticas miúdas brasileiras que completaram um quatro perfeito de Lusofonia ali, mesmo, onde o rio Minho se torna nosso.
Agora compete-nos reunir os autores para este público tão especial: Germano Almeida, Baltazar Lopes, Manuel Lopes e ainda o poeta Corsino Fortes para os Cabo-Verdianos e Marina Colassanti, Carlos Drumond de Andrade, Manuel Bandeira, Mário Quintana e Cecília Meireles para os nossos utilizadores do Brasil, sem esquecer Olinda Beja para os São-Tomenses ( de certo que faltam muitos mais...mas isto é só um primeiro passo). Tenho maior dificuldade em escolher livros para os nossos jovens do Vale do Minho... A juventude por aqui tem um sabor bem distinto do travo do sul. Mas, assim que conseguir entender o perfil do leitor que está na minha frente, estou certo que saberei encontrar na colecção um livro a sugerir: da banda desenhada à escrita humorística, do conto fantástico ao terror, dos livros de auto-ajuda á poesia profunda ou o romance escorreito na nossa bela e moldável lingua.
Mas não quero escolher sozinho.

domingo, 17 de janeiro de 2010

O beijo da truta


"Truta beija com Alma o hipopótamo". Foi assim que este aluno (7º C) fez a sua frase (poema) com humor, lembrando-nos que o riso pode ser o caminho para a leitura e para a escrita. Gosto muito da ilustração, ainda por cima feita em Paredes de Coura, terra de saborosas trutas... Lembro-me de ter falado aos nossos jovens sobre a dificuldade de fazer rir os outros com inteligência, que o digam os Gatos Fedorentos... Ao escolhermos livros para as nossas bibliotecas, deveremos ter em conta o humor, não o fácil mas sim aquele outro que nos faz rir de nós mesmos. A Ironia fina é uma pérola ao alcance de poucos.

sábado, 16 de janeiro de 2010

Temos poetas em Paredes!

Leiam só os poemas escritos pelos alunos do 7ºB da EB2,3/S de Paredes de Coura. Uma resposta criativa ao desafio que laçámos na Biblioteca Municipal.
Os trabalhos que se seguem foram produzidos por alguns alunos, que continuaram o poema que iniciaram na primeira sessão com o escritor Miguel. A metodologia aplicada era a selecção de um verso, dois ou todos os que produziram na sessão e desenvolver a temática. Esses versos estão assinalados a cor diferente.

O tigre beija a linda gazela.
O cão brinca com o gato.
O leão abraça calorosamente a chinchila cinzenta.
E eu abraço a amizade!

Queridas amigas, sem vocês a minha vida perdia o sentido.
Jéssica, Andreia e Soraia,
Doces como a papaia,
Calorosas como a praia!

Eu sem a vossa presença
Não sorria,
Não sonhava,
Não comia,
Não vivia!

Nos momentos bons, sempre presentes!
Nos momentos maus, aparecem com as suas almas benevolentes!
Quer chova, quer faça sol,
Elas encantam-me como um rouxinol.

Amigas, queridas amigas
Estas palavras são para vocês.

Se eu podia viver sem vocês,
Podia
Mas não era a mesma coisa!
Marta Carvalho

A mãe abraça a paz contente,
Pois viu a sua amiga Joana
Que há muito tempo não via
Mas que sorte! Estava com a Liliana.

A mãe fica entusiasmada
Quando vê a sua amiga chegar
Todavia fica logo com o coração quente
Vendo-a chorar.

A mãe abraça a amiga
Que continua a chorar
E diz-lhe com muito amor
Para se acalmar.

A amiga com voz dormente
Diz para ela:
“ Por que é ele me mente?”

A mãe responde à amiga:
“Olha, somos todos iguais
Esquece lá essa briga”.

A amiga toda contente
Volta para casa
Convencida das palavras da mãe
De que ele agora não mente!
Fátima Pereira

A onda nasce triste e viscosa
Com um ar enfadonho e nada apetitoso.
Nada, nada sem descansar
Até o horizonte alcançar!
Luciana Rodrigues

O silêncio é obscuro
É uma noite sem luar
É uma festa sem loucura
É um humano sem respirar.

Uma vida com silêncio
Não tem significado nenhum.
Tem como companheira
A amiga solidão.

As coisas não acontecem
Sem nós nada fazermos.
Mas o silêncio aparece
E destrói tudo o que cometemos.

Se o silêncio morresse,
Tudo seria diferente,
Os pássaros cantariam
Os humanos falariam
E a felicidade surgiria.

O silêncio significa
Um mundo de solidão
E ele também explica
Uma vida na escuridão.
Ana Beatriz

O príncipe pensa em fazer um castelo
Belo e amarelo!

O castelo tem uma torre
Para a sua amada ver a paisagem.
No jardim, está um jardineiro
A fazer a sua imagem.

A água do lago reflecte a felicidade.
O relvado o amor enamorado
Do príncipe pela sua amada.

Todos os dias ela pede-lhe
Para pintar o castelo de cor-de-rosa
A transmitir a beleza da namorada formosa.

Ela retribui com muito amor e carinho,
As vontades dele e a construção daquele ninho.
Maria do Céu

O amor tem humor
Arde no coração
Dando um bater muito forte
Que dá uma grande paixão.

A amizade é uma coisa profunda
Que ajuda em qualquer ocasião
Provocando o riso no amigo que está na solidão.
Diogo Dantas

A "máquina da poesia" em Paredes de Coura

Aqui ficam alguns exemplos de pequenos poemas ilustrados no seguimento da intervenção na Biblioteca Municipal de Paredes de Coura com a preciosa colaboração da Biblioteca Escolar. Parabéns ao 7ºC da EB2,3/S de Paredes de Coura!