quinta-feira, 26 de maio de 2011

Para entender o nosso trabalho...


No dia 7 de Abril de 2011 encerrámos o projecto “Tásse a ler” numa bela festa/exposição que a todos nos encheu por dentro, espelhando o trabalho que realizámos ao longo destes dois anos. Mas um projecto limitado no tempo, embora com continuidade ao longo de dois anos não resolve as lacunas existentes nos nossos locais de intervenção no que diz respeito à promoção do livro e da leitura junto de jovens mais avessos ao tema. Projectos desta natureza apenas permitem levantar problemas e agir num determinado espaço de tempo sobre um pequeno grupo sinalizado de jovens por concelho, considerando o universo total da proposta. A reflexão levantada nos dias do projecto teve e terá consequências para uma prática futura. Ao propor a acção no terreno, todos tivemos consciência da natureza das estruturas com quem teríamos de actuar; os mais atentos entenderam profundamente as dificuldades da articulação entre grupos de pessoas, sintoma dos dias que vamos vivendo. Ao concretizar as nossas intervenções, confirmámos a importância e o poder de propostas das mesmas. Fomos capazes de entender as fraquezas locais e as virtualidades de um vasto campo que se abre para ideias futuras. Confirmámos, na minha opinião, a oportunidade da metodologia de educação não formal junto da população com quem decidimos trabalhar. Não fomos perfeitos, mas elogio a capacidade de articulação entre os cinco municípios, representados pelas suas Bibliotecas Públicas numa capacidade de proposta junto das bibliotecas escolares que a todos nos deve orgulhar. Há assimetrias, bem sabemos. Há tempos e realidades locais distintas e “actores” no terreno diferentes, com capacidades diferentes, mas a proposta passou, com expressões variadas na sua prática.

O projecto esteve aí, no Vale do Minho, as suas maiores testemunhas são os jovens abrangidos pela nossa acção. Senti a sua evolução a cada sessão em que os reencontrei na “Escrita mal comportada”; todos regressavam ao espaço de leitura pública com visível contentamento, afinal a nossa proposta é sempre distinta do curriculum escolar abrindo um espaço de liberdade fundamental para passar o gosto pela leitura. Já sobre o trabalho pontual com turmas CEF e outras sinalizadas nem sempre consigo entender se correu bem, se ficaram sementes; foram sessões pontuais que pela sua extemporaneidade não consigo avaliar sem a ajuda dos meus pares no local. Em todos os Concelhos por onde o “Rio de contos” passou, com mais ou menos público, ficou a sensação de dever cumprido. Thomas Bakk deu o mote irreverente com as suas histórias e eu passei a proximidade com o livro através dos contos, em ambientes pouco habituados à presença da literatura. Uma palavra de apreço para os técnicos que levaram a biblioteca pública à noite dos bares e cafés, disponibilizando livros e outras peças da colecção da biblioteca. Há todo um trabalho invisível de articulação entre biblioteca pública e todas as estruturas onde interviemos, uma coordenação que deve ser mencionada nestas linhas pois dela dependeu muito do sucesso do nosso trabalho. Obrigado.
Uma palavra para um tema que mencionei muitas vezes e que corre em paralelo com as intervenções: a necessidade de um serviço de referência activo, de qualidade; a promoção do livro e da leitura não se faz apenas com acções de mediação (intervenções), ela começa na relação activa estabelecida no balcão de atendimento, seja em biblioteca pública ou biblioteca escolar. Uma atitude pró-activa faz bem à literacia. Identifico esta atitude positiva em algumas bibliotecas com que trabalhei.
O nosso Blog, é testemunha do trabalho e da reflexão, tendo sido consultado por um número significativo de utilizadores. É assim o nosso blog como uma espécie de diário de viagem dando visibilidade às nossas ideias.
Será que conseguimos criar novos leitores?